setembro 29, 2006

Rumo ao fascismo estadunidense

Nesta quinta-feira (28/set), o senado estadunidense aprovou a Lei 3930, conhecida por seus opositores como "lei da tortura", concedendo ao presidente o poder de mandar prender quem ele definir que é um "combatente inimigo", por quanto tempo julgar necessário, e sem que a pessoa tenha sido acusada formalmente ou possa contestar a prisão no tribunal. Além disso, segundo a nova legislação, cabe ao presidente definir, secretamente se quiser, quais procedimentos poderão ser usados no interrogatório de presos militares. Foi autorizado o uso de procedimentos que não causem danos físicos "sérios" ou problemas psicológicos "permanentes" nos interrogados - o que nos permite concluir que se autorizam apenas procedimentos que provocam danos físicos "moderados" e problemas psicológicos "temporários".
Trata-se de um dos maiores retrocessos no histórico de ataques às liberdades civis promovido pelo governo neoconservador de George Bush júnior, e marcado pela publicação do "Ato Patriota" após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, praticamente extinguindo os direitos civis nos Estados Unidos. Pelo Ato Patriota, por exemplo, a justiça pode prender cidadãos acusados de "terrorismo" sem acusação formal. Com a nova lei, são criados tribunais militares de exceção, nos quais os suspeitos de terrorismo serão processados segundo legislação própria, e não de acordo com a Constituição estadunidense, com provas às quais nem sempre terão acesso e com confissões que podem ter sido obtidas por meio do uso da tortura - o que contraria as determinações para o tratamento dos prisioneiros de guerra estabelecidas na Convenção de Genebra.

Assim, a cada dia os Estados Unidos mais se aproximam do ideal fascista de controle totalitário da sociedade – programa que sob Hitler havia atingido, até então, seu extremo. Preocupa-nos pensar que a superpotência de hoje é mais poderosa do que a Alemanha do III Reich.

setembro 25, 2006

"Guerra do Iraque provoca o crescimento do terrorismo islâmico"

É o que pensam as agências de informação dos Estados Unidos - ao contrário do aluado presidente que afirma: "estamos vencendo"...
O documento confidencial National Intelligence Estimate foi revelado pelo reporter Mark Mazzetti, do New York Times, em Spy Agencies Say Iraq War Worsens Terrorism Threat. Segundo os informantes consultados pelo reporter, o relatório afirma que o radicalismo islâmico, mais do que diminuir, vem aumentando e espalhando-se pelo globo, e que a Guerra do Iraque é uma das razões para a difusão da "ideologia jihadista", tornando o problema do terrorismo muito pior.
Isso não chega a ser uma novidade - mas é bom vermos a grande mídia e membros do próprio governo estadunidense reconhecerem isto. T
odos aqueles de bom senso já previam uma escalada da oposição militante anti-imperialista no momento em que a superpotência mundial decidisse usar seu poder unilateral de intervenção sobre o Iraque. Se o terrorismo era apenas mais um problema a ser considerado entre os graves desafios do século XXI (sendo a questão ambiental a verdadeira prioridade), após as atitudes impensadas do governo Bush o terrorismo vem se tornando realmente uma questão prioritária - inclusive porque o próprio governo foi responsável pelo maior de todos os ataques terroristas: o 11 de Setembro.
O Iraque tornou-se uma escola de terroristas, e como todo produto de boa qualidade ou de baixo preço no mercado global, estes logo serão exportados - certamente muitos para os Estados Unidos, o maior mercado consumidor do mundo... É bom a população estadunidense abrir os olhos para as políticas inconseqüentes de seu governo, pois as conseqüências destes desvios serão brutais.

setembro 23, 2006

Hizbollah reúne 500 mil para celebrar vitória sobre Estado Sionista

Exército sionista se retira quase integralmente do sul do Líbano; ocupação das Fazendas Cheba dará motivos a novos confrontos com o Hizbollah
Nesta sexta-feira, os últimos soldados sionistas se retiraram das regiões libanesas ocupadas na "guerra dos 34 dias", sendo substituídos por efetivos do exército libanês, que retorna à região após mais de 40 anos de ausência, e pelas forças da FINUL (Força de Interposição das Nações Unidas no Líbano), os famosos "capacetes azuis". A retirada efetiva do território libanês, entretanto, não se concretizará, pois o Estado sionista permanece em poder das Fazendas Cheba, junto à fronteira Síria, o que continuará a dar motivos ao governo libanês e ao Hizbollah para se manterem em estado de beligerância com a entidade sionista.


Beirute comemora
Enquanto isso, no subúrbio ao sul de Beirute, destruído pelos bombardeios sionistas, o líder do Hizbollah, Hasam Nasrallah, reuniu uma multidão de 500.000 pessoas para comemorar a vitória sobre o Estado sionista e seu "invencível exército" - agora já não mais. O líder afirmou que o Hizbolllah não se desarmará enquanto

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O Estado de São Paulo reproduz uma boa reportagem da AP - com um grande desvio ideológico logo na manchete: as aspas na palavra "vitória": Hezbollah reúne 500 mil para celebrar "vitória" sobre Israel.
As aspas desvirtuam a realidade, pois TRATOU-SE, SIM, DE UMA VITÓRIA SOBRE O ESTADO SIONISTA. Este entrou em guerra contra o Líbano visando resgatar os soldados seqüestrados e destruir o Hizbollah. Não conseguiu nem uma coisa, nem outra - ao contrário, o movimento de resistência libanesa terminou a guerra mais forte do que em seu início. Portanto, a manchete correta é:
Hizbollah reúne 500 mil para celebrar vitória sobre Israel

setembro 21, 2006

Se isso não é guerra civil...

Enquanto os governos do Ocidente e o secretário-geral da ONU alertam para a possibilidade de que uma guerra civil venha a ocorrer no Iraque, a realidade da população iraquiana indica que a guerra civil já ocorre há muito tempo - conjugada com a guerra contra os exércitos invasores dos EUA, Grã-Bretanha & Aliados.
Os últimos números fornecidos pela ONU indicam que, nos meses de julho e agosto, 6.599 civis iraquianos foram mortos - uma média superior a 100 mortes por dia (Morte de civis atinge número recorde no Iraque, O Estado de São Paulo). No total, estima-se por volta de 45.000 os iraquianos mortos desde o início da guerra (ver números em Iraq Body Count).
E, assim, vai se concretizando o plano imperialista: a divisão do Iraque em três novos Estados étnicos e sectários, tornando mais fácil a apropriação de seus recursos energéticos (como nos anos 1930 a 1950 se fez com o mesmo Iraque e com a Arábia, sendo criados o Kwuait e os diversos emirados árabes, tais como Bahrein, Omã e Catar). A velha máxima de Machiavel continua mais do que nunca valida: dividir par governar.
Do ponto de vista do invasor, a situação tampouco é confortável. Hoje encontram-se no Iraque 147.000 soldados estadunidenses - o dobro do que havia sido previsto há um ano, quando, de maneira otimista, a liderança militar ianque prometia a diminuição gradual dos contingentes - e já se fala na necessidade de mais homens para garantir a segurança do povo iraquiano (leia-se petróleo). O número de mortes entre os soldados também vem se mantendo alto (média acima de 2,5 mortes e 20 feridos por dia) - o que significa que, a cada soldado estadunidense morto, morrem mais de 40 civis iraquianos. Números oficiais dão conta de 2.926 soldados da coalizão mortos, sendo 2.692 estadunidenses. (ver números em
I-Casualties. org - OIF) O que dizer da espalhafatosa aparição de Bush num porta-aviões em maio de 2003, para anunciar "missão cumprida"? Fosse ele lusófono, e acreditaríamos que ele quis dizer "missão comprida"...
E, no Afeganistão, revela-se estranha estatística para quem acreditava que destruir o Talebã seria um "passeio": o número de soldados da "coalizão" mortos vem crescendo ano a ano (com a exceção de 2003), e os últimos meses têm visto a escalada do conflito (com novos soldados sendo enviados pela coalizão). Só para ilustrar: enquanto no ano de 2002 foram mortos 68 soldados, no ano de 2006 (incompleto) o número chega a 157. (ver números em
I-Casualties.org - OEF) Enquanto isso, sob o governo endossado pelos Estados Unidos, as plantações de papoula para a produção de ópio voltam a níveis pré-Talebã.
Qualquer semalhança com o Vietnã não é mera coincidência. Até o quarto ou quinto ano do envolvimento estadunidense na Indochina, o país não havia percebido que estava em guerra. Os números, tanto de soldados enviados à Ásia como de mortos em combate, não eram significativos para comover a população, ou para prever os 15 anos de conflito que tirariam a vida de 55.000 estadunidenses e um milhão de vietnamitas. Apenas quando o envolvimento ianque entrou em seu décimo ano (por volta de 1968) o número de baixas começou a ser realmente questionado pela população - e mesmo assim, os militares continuavam afirmando: "Estamos próximos da vitória final". A vitória final, efetivamente, viria apenas em 1975 - a vitória do Vietnã do Norte comunista.

setembro 04, 2006

A "guerra ao terrorismo" de Bush Jr

A cada dia torna-se mais evidente o fracasso da "guerra ao terrorismo" empreendida pelo inepto presidente dos Estados Unidos. No Iraque, a "democracia" implantada por Washington levou à guerra civil entre as seitas e etnias, e a cada dia registram-se mais uma centena de mortos entre a população civil. Na Palestina, a chegada ao poder do Hamas levou a uma nova onda de violência por parte do Estado sionista, que desde então seqüetrou 28 deputados e quatro ministros palestinos, além de ter apertado a repressão à população palestina da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, com bombardeios diários nos territórios ocupados. No Líbano, a ação empreendida pelo Estado sionista, autorizada por seus mantenedores e apoiadores na América, acabou por fortalecer o Hizbollah (na foto, o líder Hasam Nasrallah) e criar uma onda universal de repúdio à aliança sionista-imperialista.
Diante da incompetência estadunidense para lidar com a política internacional, a cada dia o presidente do Irã mostra-se mais à vontade no seu papel de líder da coalizão anti-imperialista que vem se formando pelos continentes afora, e que levou no fim de agosto os presidentes da Síria, Bashar al-Asad, e da Venezuela, Hugo Chavez, a fazer declarações conjuntas de amor recíproco e unidade na luta anti-imperialista (foto).

SELEÇÃO DE ARTIGOS DO MIDDLE EAST ONLINE
Bush's Terror Analysis: Erroneous and Exaggerated por Rami Khouri
Four American Allies in Deep Trouble por Patrick Seale
Bush zeroes in on 'Islamic fascism' por Olivier Knox
Olmert under fire as cracks appear in coalition over Lebanon por Yana Dlugy
Is the Middle East Heading for Peace or War? por Patrick Seale
Chavez hails Syria's shared rejection of US 'imperialism, hegemony' por Roueida Mabardi