novembro 06, 2006

Condenação de Saddam serve a interesses eleitorais nos EUA

Foi bastante conveniente para o Partido Republicano, no poder nos Estados Unidos, a condenação à morte do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, ocorrida dois dias antes das eleições para o congresso e para alguns governos estaduais nos EUA.
A condenação vem em boa hora para os formuladores de políticas estadunidenses, pois vinha aumentando a intensidade das críticas à condução da guerra, o que indiretamente ameaçava a manutenção do poder legislativo nas mãos dos republicanos. Esta notícia vem se somar ao pequeno rol de boas notícias acumuladas pelos invasores nesta guerra, tais como a deposição do próprio Saddam, sua prisão, a aprovação de uma constituição e de um governo iraquianos, que o presidente estadunidense tenta vender a seus eleitores como evidências da vitória da "democracia" sobre o "terrorismo" - escondendo a triste realidade dos 3.000 mortos estadunidenses e 600.000 mortos iraquianos de uma guerra a cada dia mais violenta.
A execução de Saddam Hussein, responsabilizado pela morte de 148 xiitas em Dujail, em 1982, além de servir de alimento para a alma do público conservador estadunidense, teria uma importante finalidade para os Estados Unidos e aliados: evitar um novo julgamento, em que o antigo ditador seria julgado pelo massacre de 180.000 curdos entre os anos de 1986 e 1888 - massacre este realizado com armas químicas fornecidas pelos Estados Unidos e pela Grã-Bretanha, à época os grandes mantenedores da ditadura de Saddam. Entretanto, colocaria para os Estados Unidos um novo problema: transformaria Saddam Hussein num herói para as massas árabes, especialmente sunitas.
O processo, assim, tem andamento certo: condena-se o antigo ditador em primeira instância, realizam-se as eleições nos Estados Unidos, e posteriormente comuta-se a pena para algo menos impactante sobre o imaginário sunita, como uma prisão perpétua, empurrando-se com a barriga um eventual processo pela limpeza étnica dos curdos até que o antigo ditador morra de "causas naturais", enterrando consigo todos os segredos que não devem ser revelados.

PS: Não é excessivo lembrar que grande parte da comunidade internacional vem considerando inválido o tribunal estabelecido para julgar Saddam, pois foi criado e conduzido por aqueles que destituíram o antigo ditador do poder, enquanto o mais correto e legítimo seria levar o ditador a julgamento na Corte Internacional de Justiça.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo said...

PÁGINA DE LUCIDEZ. PARABÉNS PELA PREOCUPAÇÃO EM DIVULGAREM ALGO TÃO SUBSTANTIVO E ÚLTIL NO DESPERTAR DOS LEITORES.

quarta-feira, novembro 15, 2006  

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